O caráter decisivo da campanha eleitoral na internet

O caráter decisivo da campanha eleitoral na internet

Artigo publicado originalmente no jornal Folha de Pernambuco, em 28/04/2022

As eleições mais digitais de todos os tempos estão se aproximando e os seus sinais são vistos por todos os lados, mesmo com muitos pré-candidatos ainda insistindo em subestimar a comunicação com os eleitores nos canais proporcionados pela internet. Ainda que todos os indícios apontem para que o pleito deste ano seja definido pelas ações que seus principais atores desenvolverão no mundo online, o amadorismo no marketing político digital ainda se mostra muito latente.

É importante frisar que as eleições majoritárias e proporcionais de 2018 já tiveram um viés digital decisivo com a utilização massiva – ainda sem muita regulamentação – de aplicativos mensageiros, como Whatsapp e Telegram, para a mobilização de militância e multiplicação de conteúdo. Já em 2020, a popularização e a profissionalização na utilização de anúncios impulsionados de forma segmentada nas redes sociais fizeram a grande diferença na campanha do candidato online.

Dois anos atrás, a pesquisa Eleitor Conectado, iniciativa da Presença Online, já apontava para um cenário irreversível sobre o comportamento das pessoas no consumo de conteúdo relacionados à política. O levantamento escancarou a predileção do brasileiro pela comunicação online: enquanto 55% dos entrevistados disseram que utilizam redes sociais todos os dias para consumir informações locais, apenas 32% apontaram fazer o mesmo com a TV. Porém, o dado mais revelador foi acerca de como o eleitor se informa melhor sobre um candidato durante a campanha eleitoral: 52% responderam que faziam isso todos os dias via Redes Sociais; 36% através de conversa com amigos; 34% por meio de sites e blogs; e somente 15% das pessoas disseram que acompanham diariamente o horário eleitoral gratuito.

Dados atuais, segundo pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box, mostram que o Whatsapp está instalado em 99% dos smartphones do Brasil e que 93% das pessoas usam o aplicativo todos os dias. Aliado a isso, surgem novos canais (como o TikTok) e formatos (como os vídeos Reels) atrativos, que ampliam as possibilidades da campanha digital. Tudo isso tornará mais assertiva a comunicação com o eleitor, mesmo sendo este um processo eleitoral mais vigiado na internet – o Tribunal Superior Eleitoral promete tolerância zero para a disseminação de notícias falsas e para o envio de mensagens em massa por meio de aplicativos.

Sabendo, portanto, que na internet estão caminhos promissores de relacionamento com o eleitor, muitos pré-candidatos ainda cometem o erro de esperar o período eleitoral para cair de cabeça na rede. Uma vez que o TSE não proíbe a pré-campanha na internet ou o impulsionamento de conteúdo (desde que não haja abuso de poder econômico, disparo em massa ou pedido de votos), sai na frente quem começa a trabalhar cedo. A comprovação vem da Meta, empresa que controla Facebook e Instagram, e que divulgou recentemente que, apenas nos três primeiros meses de 2022, quase R$ 10 milhões foram investidos em impulsionamento de conteúdo político nas duas plataformas.

Vence a eleição quem se comunicar melhor com o eleitor. E para que isso aconteça, é necessário ocupar os mesmos espaços que o público-alvo pelo maior tempo possível e com estratégias não invasivas de persuasão. Na batalha pelo voto na internet, não basta apresentar as melhores ideias, ter o discurso mais bonito ou mesmo tentar encher os olhos das pessoas com luzes e holofotes. Para atrair o eleitor digital de 2022 será preciso superar o desafio de gerar conexão e relacionamento sem ultrapassar os limites legais. E para isso, será exigido tanto do candidato quanto da sua equipe: planejamento, muita criatividade, alinhamento com as principais tendências, conhecimento das regras do jogo, e mangas arregaçadas para o trabalho pesado que está por vir.

Israel Leal é jornalista e especialista em Marketing Político

Importância da oratória na campanha eleitoral

Importância da oratória na campanha eleitoral

Em seu livro “Uma Terra Prometida”, Barack Obama conta como foi difícil adaptar sua forma prolixa de falar em público para a dinâmica necessária de se expressar durante uma campanha presidencial.

Falar bem não é requisito, mas fazer-se entendido pelas pessoas que você quer que votem em você é essencial. Por isso, o estudo de técnicas de oratória pode ajudar muito. Com essas técnicas, você vai entender que além da boca, todo o corpo fala. São Francisco de Assis orientou aos seus discípulos que pregassem e se necessário usassem a palavras. Ou seja, você se comunica por meio do seu comportamento e até com sua expressão corporal!

Voltando ao Obama, um ponto importante narrado no livro é como o ex-presidente dos EUA conseguiu fazer essa adaptação com a ajuda e os puxões de orelha de um dos seus assessores. É fundamental ouvir a quem entende do assunto, principalmente a quem já conhece sua forma de falar e a quem tem propriedade sobre o assunto.

Falar é emitir uma mensagem, mas só será um ato de comunicação se o receptor entendê-la. Avalie-se e peça para que sua equipe o avalie. Os ajustes que por via sejam necessários vão fazer toda a diferença na sua campanha.

Saiba porque a persona deve ser um dos principais pontos do seu planejamento de campanha

Saiba porque a persona deve ser um dos principais pontos do seu planejamento de campanha

Quais os caminhos que um candidato pode trilhar para convencer o eleitor a lhe confiar o ativo mais importante da cidadania? O processo gerativo do voto está em curso e é verdade que o seu início começou há muito tempo.

Quem já se preocupou em fortalecer a reputação política frente ao seu perfil de eleitor, com certeza tem mais chance de vencer no pleito de outubro do que quem ainda não deu motivos para isso. Mas, mesmo quem só vai começar agora a corrida por um mandato político ainda pode trabalhar para alcançar este objetivo.

Para isso, antes de mais nada é muito importante planejar. O planejamento estratégico de campanha é a base para um plano tático de ação que poupará o candidato de frustrações inesperadas e que guiará a ele e à sua equipe por um caminho mais curto em direção à vitória.

Entretanto, dentro do planejamento existem pontos que precisam ser trabalhados o quanto antes e com o máximo de atenção, tendo em vista o curto tempo que temos para o período eleitoral. Um deles é a definição do público-alvo do candidato, as pessoas que serão o alvo de sua campanha.

Conheça o seu eleitor

A definição da persona, observando todos os seus aspectos comportamentais e culturais, além de suas particularidades demográficas, é uma etapa que muitos queimam antes de “colocar o bloco na rua”. Essa visão geral sobre o eleitor é fundamental para que se tome qualquer outra iniciativa em busca de votos.

Afinal, imaginando que o voto é um matrimônio que pode durar 4 anos ou mais com o eleitor, você só pede alguém em casamento se conhecer bem a outra pessoa, compreendendo profundamente seus gostos e desgostos.

Um segundo ponto imprescindível é justamente como se comunicar com o eleitor. E a definição de quais canais utilizar, tom e conteúdo da mensagem dependem diretamente da definição dessa persona.

Entendendo quem de fato é o seu eleitor, fica muito mais fácil definir quais os veículos de mídia tradicional eles mais têm acesso, quais as redes sociais que mais utilizam ou ainda se são abertos ou não para um contato físico. O mapeamento da persona dá as primeiras condições para que a estratégia da campanha seja traçada.