A fábula do eleitor

A fábula do eleitor

O personagem principal desta fábula é o Eleitor, que pode ser qualquer pessoa que possua sonhos, desejos e dores sociais que precisam ser curadas. Periodicamente o Eleitor recebe a visita de candidatos a receberem o Voto, poder especial concedido a apenas aquele ou aquela que vencer um duelo de narrativas. Somente aquele que passar pelos crivos do Eleitor levará o voto e o poder que o acompanha.

A primeira visita que o Eleitor recebeu foi do Egocêntrico, sujeito que apareceu cheio de enfeites e de brilho, que não parava de falar sobre si mesmo. O anfitrião tratou logo de mandar-lhe embora, pois o Egocêntrico não passaria nunca pelo crivo da humildade. Enquanto o Eleitor gostaria de ouvir soluções para seus problemas e oportunidades que impulsionassem seus sonhos, o Egocêntrico tinha um discurso centrado em exaltar sua própria imagem. Enquanto isso, chegava pelos correios uma carta do Candidato Sensato. No documento, Sensato pedia gentilmente para que a correspondência fosse devolvida ao remetente com as respostas para duas perguntas: “Como é sua vida hoje?” e “Como ela pode ser melhor amanhã?”.

A segunda visita que chegou foi a do Dissimulado, um cara já famoso por tentar conquistar o voto com as moedas das inverdades. Alguém que sempre tenta encantar os outros através da lorota. Porém, a fama de enganador do Dissimulado já era conhecida por todos e assim, o Eleitor o pôs para fora de casa, sabendo que ele nunca passaria pelo crivo da honestidade. Logo depois, Sensato passou na frente de sua porta, avisou que uma tempestade estava porvir e pediu para que o Eleitor se abrigasse.

Passada a chuva, o terceiro candidato, o Antipático, logo surgiu à porta e, sem nem ao menos perguntar se o Eleitor estava bem após a tormenta, ele entrou e começou a dizer que era ele o merecedor da dádiva do voto. Enquanto o Eleitor ouvia, precisava organizar o estrago deixado pela tormenta, mas o Antipático continuava ali, com sua roupa impecável, sua oratória sem defeitos e nenhum sinal de que havia passado algum perrengue durante a chuvarada. Já sem paciência, o Eleitor pediu para que o Antipático se retirasse pois, definitivamente, ele não passaria pelo crivo da sensibilidade. Em seguida, Sensato apareceu com as vestes sujas de lama perguntando se o Eleitor precisava de ajuda para colocar a casa em ordem.

No dia seguinte, bateu a porta um dos piores candidatos que existem; o Arrogante. Esse nem quis se apresentar, seu discurso foi direto, perguntando o que o Eleitor queria em troca do voto que possuía consigo. Eleitor, que não é um sujeito besta, disse que precisava de um novo telhado para sua casa. Mas ao receber o que pediu, conseguiu enrolar o Arrogante que saiu do local achando que receberia seu prêmio. Porém, para o Eleitor, ficava claro que aquele sujeito não passaria pelo crivo da integridade. Quase que no mesmo instante, chegava um convite do Sensato para um jantar na sua casa.

À noite, esse foi o destino do Eleitor, que queria saber mais sobre aquele sujeito que parecia estar tão interessado em entender sua realidade e em ajudar a melhorar sua vida. A casa do Sensato era simples e humilde, como a do Eleitor. A comida era boa, mas não havia extravagância. A conversa era convidativa e todos os presentes tiveram a chance de conhecer mais sobre o Sensato, ao mesmo tempo em que também eram ouvidos e entendidos pelo anfitrião.

Chegado o dia da escolha, o Eleitor não teve dúvidas. Entre todos os candidatos que o abordaram, apenas o Sensato o tratou de forma humanizada e mostrou o real interesse em ajudar. Ele passou por todos os crivos e, por isso, o prêmio do voto a ele foi entregue.

Esta fábula está em curso neste exato momento. Candidatos tentam passar pelos crivos estabelecidos pelos eleitores e os eleitores buscam nos candidatos alguém digno de serem contemplados com seus votos. Mas, diferente de uma fábula que tem como finalidade apresentar uma lição de moral, na vida real o voto é determinante para o futuro de cada eleitor cidadão.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Israel Leal é jornalista, especialista em Marketing Político, diretor da agência Inexxus Boa Viagem e idealizador do CT do Marketing Político

Saiba porque a persona deve ser um dos principais pontos do seu planejamento de campanha

Saiba porque a persona deve ser um dos principais pontos do seu planejamento de campanha

Quais os caminhos que um candidato pode trilhar para convencer o eleitor a lhe confiar o ativo mais importante da cidadania? O processo gerativo do voto está em curso e é verdade que o seu início começou há muito tempo.

Quem já se preocupou em fortalecer a reputação política frente ao seu perfil de eleitor, com certeza tem mais chance de vencer no pleito de outubro do que quem ainda não deu motivos para isso. Mas, mesmo quem só vai começar agora a corrida por um mandato político ainda pode trabalhar para alcançar este objetivo.

Para isso, antes de mais nada é muito importante planejar. O planejamento estratégico de campanha é a base para um plano tático de ação que poupará o candidato de frustrações inesperadas e que guiará a ele e à sua equipe por um caminho mais curto em direção à vitória.

Entretanto, dentro do planejamento existem pontos que precisam ser trabalhados o quanto antes e com o máximo de atenção, tendo em vista o curto tempo que temos para o período eleitoral. Um deles é a definição do público-alvo do candidato, as pessoas que serão o alvo de sua campanha.

Conheça o seu eleitor

A definição da persona, observando todos os seus aspectos comportamentais e culturais, além de suas particularidades demográficas, é uma etapa que muitos queimam antes de “colocar o bloco na rua”. Essa visão geral sobre o eleitor é fundamental para que se tome qualquer outra iniciativa em busca de votos.

Afinal, imaginando que o voto é um matrimônio que pode durar 4 anos ou mais com o eleitor, você só pede alguém em casamento se conhecer bem a outra pessoa, compreendendo profundamente seus gostos e desgostos.

Um segundo ponto imprescindível é justamente como se comunicar com o eleitor. E a definição de quais canais utilizar, tom e conteúdo da mensagem dependem diretamente da definição dessa persona.

Entendendo quem de fato é o seu eleitor, fica muito mais fácil definir quais os veículos de mídia tradicional eles mais têm acesso, quais as redes sociais que mais utilizam ou ainda se são abertos ou não para um contato físico. O mapeamento da persona dá as primeiras condições para que a estratégia da campanha seja traçada.